Introdução à Bíblia ou Bibliologia (também chamada eruditamente de Isagoge Bíblica e popularmente de Introdução Bíblica) é o estudo dos assuntos introdutórios à Bíblia. Visto que todo estudo teológico está alicerçado sobre a Bíblia, faz-se necessário compreendermos como ela foi formada, como chegou até nós, e principalmente seu conteúdo e tema central. Portanto, esta disciplina constitui-se um auxílio indispensável na compreensão da Palavra de Deus.

sábado, 24 de abril de 2010

INTRODUÇÃO À BÍBLIA: RESUMO HISTÓRICO DA DISCIPLINA

Para melhor compreender a Bíblia, desde muito tempo os teólogos procuraram conhecer o contexto histórico, os autores, as ocasiões dos livros bíblicos. Mas, não se formou de imediato uma disciplina ou um compêndio de princípios e fatos que unificassem o entendimento do conjunto da obra bíblica. Desde a antiguidade, a Tradição Judaica pronunciou-se na sua literatura extrabíblica (Talmude, targumim, etc.) sobre autoria e circunstâncias dos seus livros sagrados. A mais antiga obra que leva o nome de "Introdução à Sagrada Escritura" (Isagoge ad Sacrata Escriptura) é de autoria de Adriano, um monge de meados do século V. É um tratado sobre as expressões da Bíblia hebraica. A palavra isagoge vem do grego (eisagoge) e significa literalmente 'conduzir para dentro', ou seja , 'introdução'.
Há três períodos históricos na formação dos tratados introdutórios à Bíblia.

Época patrística
Este período se caracteriza pela abordagem aleatória aos princípios e noções teológicas constitutivas da Isagoge Bíblica. No século II da era cristã, os cristãos elaboram prólogos ou notas introdutórias que tratam do autor, conteúdo e origem dos livros neotestamentários. O estudo e dissertação sobre as questões introdutórias desenvolveram-se de modo circunstancial, através de cartas, escritos pastorais, comentários aos livros bíblicos, escritos apologéticos, etc. Porém, não havia tratados dedicados a dar uma visão geral introdutória dos Escritos Sagrados, embora se perceba esforços nesse sentido. Algumas das obras trataram o tema bíblico em uma perspectiva geral e orgânica, interessando-se pelos diversos aspectos da ciência bíblica, principalmente o tratado De Principiis IV,1-3 de Orígenes (185-253) e principalmente a obra De doctrina Christiana de Agostinho de Hipona (354-430); outros escritos abordaram somente algumas temáticas, como as regras de interpretação do texto bíblico, como o Liber regularum de Ticônio Afro (ca. 370-390) ou o problema metodológico, como o tratado Formulae Spiritualis Intelligentiae de Euquério de Lião (séc. V). Sobre o tema dos sentidos bíblicos há os prólogos dos escritos de Gregório de Nisa (330 - 395), Diodoro de Tarso (c. 390) e Teodoro de Mopsuéstia (350 - 428); sobre as expressões da linguagem, temos a Isagoge já citada de Adriano; sobre a análise textual e os problemas relacionados com a transmissão do texto bíblico através dos manuscritos, temos as célebres Institutiones Divinarum Litterarum de Cassiodoro (490-581) e sobre os critérios de tradução, a carta 57 de Jerônimo de Stridon (347 - 420). Abaixo, Cassiodoro mostra a visitantes a biblioteca de seu monastério (georgetown.edu).
Uma breve síntese dos resultados a que havia chegado a Introdução Bíblica no período patrístico é oferecida por Isidoro de Sevilha (560-636) na sua Etimologiae VI,1-4. O texto completo de Etimologiae pode ser encontrado (em latim) na página eletrônica: http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Isidore/home.html
Assim embora não houvesse um tratado específico sobre a Bíblia os vários mestres da antiguidade judaica e cristã trataram de abordar os temas relativos a uma visão geral da Bíblia abrindo o caminho a futuras investigações.